Onde vivo, pela televisão aberta, é possível acompanhar as eleições. Tenho acompanhado os debates presidenciais
Manuel vê os debates comigo, mas não quer saber de eleições. Está satisfeito com a monarquia e é amigo íntimo do Rei. Inclusive, foi justamente devido a política que ele resolveu mudar-se definitivamente para Pasárgada. Velho Manuel! Realista como sempre! Há alguns dias atrás, após o horário eleitoral, afirmou-me com outro suspiro: “O Brasil segue na mesma... Ordem só na Bandeira, o País desconhece os caminhos do progresso!”
Apesar de não possuir um partido, tenho senso crítico. Dentre todos os candidatos, Plínio Soares de Arruda Sampaio me chamou a atenção. Posso estar equivocado em meu julgamento, mas acredito que ele, assim como eu, também sonha com um País melhor. Ao menos ele é possuidor de um espírito de luta louvável. Ele tem 80 anos e um propósito inabalável.
Acredito que morrerei jovem, mas se eu chegar aos 80 anos provavelmente irei me aposentar (independentemente da grandeza de minhas convicções).
Resolvi escrever uma carta ao candidato Plínio, manifestando minha opinião e meu apoio ao seu sonho:
“São José dos Campos - São Paulo. Dia 13 de Setembro de 2010.
Prezado Mestre Plínio Soares de Arruda Sampaio,
Sei que nas vésperas das eleições o senhor possui inúmeros compromissos. Em minha carta não peço que o senhor me responda. Peço-lhe que leia o pouco que tenho a dizer.
Meu nome é Cxxxx Fxxxxxxxx Txxxxxxx. Tenho 28 anos e moro em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Economicamente integro a chamada “classe média” deste País.
Escrevo-lhe para manifestar o meu apoio a sua candidatura. Acredito no senhor. Suas palavras e sua postura conquistaram meu voto e minha confiança.
Confesso-lhe que a atual situação política do Brasil me desagrada profundamente. Estou desacreditado. Sinto-me politicamente inválido. Talvez todos os seus eleitores (quiçá até mesmo o senhor) compartilhem, mesmo que em parte, de meus sentimentos de impotência política.
Como mudar um País com um índice de educação tão baixo; com uma classe média tão gananciosa; e com uma burguesia tão poderosa?
Grande parte dos eleitores brasileiros vê o seu discurso como utópico e desmerece todos os signos que remontam às ideologias esquerdistas. Socialismo, Comunismo, Reforma Agrária, Cuba, União Soviética, etc. - são classificados como termos pejorativos.
A sociedade moderna transformou toda a filosofia esquerdista em um clichê vazio e irreal. Os grandes pensadores esquerdistas não passam de curiosidade acadêmica. O martelo e a foice não passam de um desenho sombrio nos livros de história.
A esquerda hoje em dia é moda. É “cult”. A esquerda não evoluiu e virou passado. Um passado que agrega, em sua maioria, saudosistas.
Uma parte da militância esquerdista consciente é formada por jovens universitários que trazem consigo um discurso boêmio e inflamado, uma barba por fazer, chinelos de couro e uma camiseta do Che Guevara. Outra grande parte é formada por militantes que obtiveram inúmeras derrotas e desilusões no decorrer de uma vida de lutas, e parecem duvidar das próprias crenças.
Ambos são vistos com descrédito.
A nossa sociedade não crê na mudança. Ouso dizer que, inclusive, teme a mudança. O brasileiro vive a cultura do medo: onde tudo pode ser pior do que está, caso mude. O brasileiro tem medo de piorar caso tente ser melhor e por isso não se arrisca. Trata-se de um povo alienado e sem consciência da riqueza existente no próprio País.
Sua campanha conta com uma minoria que realmente não teme a mudança. Uma minoria que acredita ser possível um país melhor. Entretanto somos uma minoria insuficiente. Somos alguns poucos caolhos em meio a uma democracia de cegos. Vivemos um exílio cultural.
Admiro suas conquistas e me entristece o fato de que a democracia atual estabeleça regras que impossibilitem a vitória de pessoas como o senhor. O sistema democrático nacional é falho.
Professor Plínio, a política neste país precisa ser repensada. A esquerda precisa ser repensada.
Até o momento o twitter tem se mostrado um grande aliado, mas não possui conteúdo (não passa de um fast-food informativo). O senhor possui projeção agora, mas se nada for feito esse interesse se dissipará; após as eleições outra novidade será a sensação do twitter.
A geração twitter é uma geração de consumistas de informação. Eles querem novas informações. Informações frescas. Novidades a todo o momento, cada vez mais rápido. Essa geração não sabe por que consome tanta informação e conseqüentemente não sabe o que fazer com ela. Trata-se de uma geração sem senso crítico e esse país precisa de formadores de opinião.
O Senhor precisa disponibilizar em seu site, e por ao alcance dos internautas, pormenores de suas propostas. Por exemplo: O seu plano de diretrizes fala em reforma agrária. Mas como será feita a reforma? A terra poderá ser vendida? Haverá acompanhamento do governo sobre a forma como a terra é cultivada? Quais serão os incentivos dados aos trabalhadores agrícolas?
(obs.: As pessoas temem a reforma agrária neste país porque todos os meios de comunicação tratam o tema de forma simplista; com especulações e “achismos”.)
É justamente explicitando os detalhes de suas propostas que o senhor e seu partido criarão um eleitorado formador de opinião.
Sei que o senhor possui assessores extremamente capacitados que cuidam de sua campanha, pois acompanho sua brilhante trajetória, e com esta carta não tenho o intuito de desmerecer o grande trabalho realizado até agora. Trata-se apenas de minha humilde opinião, que tem por finalidade contribuir com a campanha.
Talvez minha opinião seja irrelevante, mas quero que saiba que é honesta e de boa vontade.
O único que peço é, se possível, que me sejam enviados os detalhes (ou pelo menos uma indicação de onde estes detalhes estão) de como o partido cumprirá suas diretrizes (tais informações poderão ser enviadas no e-mail: xxxxxxxxxxxxx@xxxx.com.br).
Mais uma vez, parabéns por sua luta! Desejo-lhe boa sorte nestas eleições!
Conte com meu sincero apoio.
Atenciosamente,
Cxxxx Fxxxxxxxx Txxxxxxx"