domingo, 17 de março de 2013

Sonhos Perdidos

(Smoke - Grafite)



Ontem, em uma despretensiosa conversa sobre o sentido da vida, me lembrei de alguns de meus primeiros registros oníricos. Eles nao possuiam imagens (mas possuiam algo de vermelho, verde e azul em meio a escuridao); eles nao possuiam palavras (mas possuiam sons indistinguiveis). Eu nao era eu, nao era um individuo, nao era nada. Nesses sonhos eu era apenas uma particula de consciencia perdida em meio a sons e dimensoes que as vezes se contraiam gradualmente do infinitamente grande ao infinitamente pequeno; as vezes se expandiam gradualmente do infinitamente pequeno ao infinitamente grande. A sensaçao era aterradora e tudo o que eu mais quería era simplesmente “ser” - queria ser algo mais do que essa particula em um universo em constante expansao e contraçao. Queria deixar de ouvir os ecos indistinguiveis  dos sons do infinito.

Nao tenho ideia de quem fez as regras, mas estou seguro de que pedi para nascer. Pedi para ser e estar, mesmo que por um tempo limitado. Talvez a vida e a consciencia sejam algum tipo de ferias!  (e, quem quer que seja o chefe, estou grato por ter meu pedido atendido!)

Quando sonho nao sei onde estou. Nao sei se estou no meu corpo ou fora dele. A ideia de consciencia fora do proprio corpo é interessante. Se é possivel por um momento, talvez seja sempre possivel. Onde esta nossa consciencia?

As vezes meus olhos se perdem quando encontram outros olhos. As vezes meus pensamentos viajam e se dissipam com a fumaça do cigarro. As vezes minha consciencia voa e me deixa sozinho. Me pergunto se algo da minha consciencia ficou naquele momento fora do tempo. Me pergunto se existe aquele lugar onde eu nunca estive, mais além da fronteira entre a imaginaçao e a memoria.

Sei que é possivel perder a memoria. As vezes até a imaginaçao se perde. Talvez algo da minha consciencia tenha se perdido buscando essas memorias e essas imaginaçoes. Talvez algo de mim siga voando com aquele passaro. Talvez algo de mim siga fllutuando e contemplando aquela nuvem branca, densa e distante.


DONDE

A donde estas cuando te vas?
En que lugar estas en el paisaje
que pasa mientras miras por la ventana?
Con quien caminas cerca del mar
mientras haces el café por la mañana?
Estas en primavera o en verano?
Estas en invierno o en el otoño?
Donde estas mientras estas en tu sueño?
En que ilusión esta tu realidad?
En que año? Con que edad?
Que música sonaba en tus oídos
mientras la lluvia caía?
A donde brillan los recuerdos  del sol
en medio a la noche fría?
El dia de hoy 
te acuerda que día?
A donde iba tu mirada?
De donde viene tu sonrisa
desconocida?
En la gente presente
la gente ausente se viene y se va.
No sé a donde estuve
cuando me olvide aquel sueño,
aquella canción,
aquella poesía.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Voices in the Silent Night


(Voices in the Silent Night - Grafite)

Eu nao morri. Estive em silencio. Estive em outros mundos e sonhei outros sonhos. Sonhos distantes, em outras linguas, com outras vozes.

Existe uma voz em minha cabeza que fala. Essa voz me conta histórias, me corrige e me guía. Diz o que devo pensar. Acho que sou a voz em minha cabeça. A voz me faz agir – dita minhas palavras. Sou um títere dessa voz que dificilmente se cala. A voz opina sobre tudo e determina o que devo pensar. A voz escreve agora mesmo.

Me pergunto se existe uma voz que faça com que o vento sopre pela janela. Haverá uma voz que impulsione o pássaro a voar? Que sussurre segredos as ondas do mar? Que faça a lua brilhar? Uma voz que se cala e seja capaz de encontrar a solidao em meio ao silencio? Uma voz que grite para espantar o frio e a escuridao?

De acordo com Joao: 

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
(João 1:1-4)

Uma curiosidade é que, segundo Joao, o Verbo precede o silencio. Quizas o silencio tenha sido o primeiro e o mais importante Verbo. É preciso silencio para que o Verbo possa se fazer ouvir.
A meditaçao, em uma visao simplista, é a busca do silencio interior – meditar é calar a voz interior. Talvez para escutar outros Verbos.  A pregunta é: a que voz devemos ouvir?  Ou melhor: A que voz queremos ouvir?

Após anos vivendo na espanha, sinto que minha voz interior me fala em espanhol.  Agora é em espanhol que tenho escrito minha poesia:

“VOCES

Fue una voz,
Hizo soplar el viento,
Dijo al pájaro como volar,
Hablando creo el tiempo.

Fue una voz,
Brillo de luna,
Cantando creo la danza
Y el mar empezó a bailar.

Una voz
De una pregunta creo el amor,
Un sentimiento ciego
Y perdido en medio a las flores.

Y la montaña fue el primer grito
Hacia el sordo cielo,
Que contestó con colores el dolor
Del corazón partido.

La voz
Que me hablaba de ti mientras soñaba
Se quedo callada al enterarse por la mañana
De que tú no estabas en la cama.

En el silencio la soledad
En la soledad
Una nueva gana de hablar.
Me pregunto por donde andas.

Es primavera
Pero la voz me habla de otoño.
Te espero,
Mientras espero que venga un nuevo sueño de invierno.”