domingo, 4 de julho de 2010

"Dedo de Deus"

(Neve in the Dark - Grafite)

Este texto foi publicado inicialmente em meu fotolog. Foi escrito há muito tempo. Revisei algumas coisas, mas nada relevante.

Nas palavra abaixo há um pouco de Saulo, Tyler Durden, e Eu.

"Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento." (Romanos 12:2)

“Only after disaster can we be resurrected, it's only after you've lost everything that you're free to do anything. This is your life, and it's ending one minute at a time. You have to realize that someday you will die. Until you know that, you are useless.” (Chuck Palahniuk – Clube da Luta)


“O Dedo de Deus”

Muitas pessoas dizem já terem sido tocadas pelo Dedo de Deus. Ser tocado pelo Dedo de Deus é um momento de revelação da verdade. Trata-se de um momento de contato com o divino; de interação com o sagrado.
Seguia pela rua em direção ao MacDonalds como um dia Saulo seguiu pela estrada em direção a Damasco. O Dedo de Deus surgiu diante de seus olhos e tocou-lhe a fronte.
Ajoelhou-se, como um dia Saulo ajoelhou-se perante a presença divina. Humilde, como Saulo um dia o foi, perguntou: “Quem és Senhor? O que queres de mim?” - Atos 9:5.
A voz celestial indicou-lhe seu dever e ele obedeceu sem hesitar.
Prostrado de joelhos, ciente de seu destino, ergueu os olhos e vislumbrou o escuro orifício de 10,9 mm de diâmetro presente na ponta do Dedo prateado de Deus. O Dedo de Deus, em riste, possui 20,34 cm. O Dedo de Deus é o cano de uma Magnum .44 prestes a escrever, com ferro e pólvora, um evangelho de sangue.
São efetuados seis disparos. O tambor do revolver move-se 60 graus cada vez que o gatilho é acionado até completar uma volta. Após o sexto tiro o ciclo se completa. O ponto de chegada retorna ao ponto de origem. “Do pó vieste, ao pó voltará” - Gênesis.
Entretanto nenhum tiro foi ouvido. Nenhuma explosão de pólvora ecoou. Seguiram-se apenas seis estalos, curtos e secos.
Em seguida houve silêncio e ele respirou. Respirou com a insegurança e a dor daqueles que nunca antes sentiram o ar adentrar os pulmões. Respirou com a solidão e a fragilidade daqueles que dão o seu último suspiro. Sentiu frio e calor ao mesmo tempo. Enquanto expelia lentamente o ar que enchera seus recém descobertos pulmões, compreendeu que iria morrer um dia e lágrimas escorreram de seus olhos. Sua visão turvou-se. Seu pescoço foi incapaz de sustentar o peso de sua cabeça e seus olhos voltaram-se para o chão. Seus demônios desapareceram ao som de passos apressados que seguiam em direção à um beco próximo. Sua carteira havia sido roubada.

Assim como Saulo, mudou. “(...) eis que tudo se fez novo.” – II Cor 5.17.


Nenhum comentário:

Postar um comentário