(Voices in the Silent Night - Grafite)
Eu nao morri. Estive em silencio. Estive em outros mundos e sonhei outros sonhos. Sonhos distantes, em outras linguas, com outras vozes.
Existe uma voz em minha cabeza que fala. Essa voz me conta
histórias, me corrige e me guía. Diz o que devo pensar. Acho que sou a voz em minha
cabeça. A voz me faz agir – dita minhas palavras. Sou um títere dessa voz que
dificilmente se cala. A voz opina sobre tudo e determina o que devo pensar. A
voz escreve agora mesmo.
Me pergunto se existe uma voz que faça com que o vento sopre
pela janela. Haverá uma voz que impulsione o pássaro a voar? Que sussurre
segredos as ondas do mar? Que faça a lua brilhar? Uma voz que se cala e seja
capaz de encontrar a solidao em meio ao silencio? Uma voz que grite para
espantar o frio e a escuridao?
De acordo com Joao:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
(João 1:1-4)
Ele estava no princípio com Deus.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
(João 1:1-4)
Uma curiosidade é que, segundo Joao, o Verbo precede o
silencio. Quizas o silencio tenha sido o primeiro e o mais importante Verbo. É
preciso silencio para que o Verbo possa se fazer ouvir.
A meditaçao, em uma visao simplista, é a busca do silencio
interior – meditar é calar a voz interior. Talvez para escutar outros
Verbos. A pregunta é: a que voz devemos
ouvir? Ou melhor: A que voz queremos
ouvir?
Após anos vivendo na espanha, sinto que minha voz interior
me fala em espanhol. Agora é em espanhol
que tenho escrito minha poesia:
“VOCES
Fue
una voz,
Hizo
soplar el viento,
Dijo
al pájaro como volar,
Hablando
creo el tiempo.
Fue
una voz,
Brillo
de luna,
Cantando
creo la danza
Y el
mar empezó a bailar.
Una
voz
De una
pregunta creo el amor,
Un sentimiento
ciego
Y perdido
en medio a las flores.
Y la
montaña fue el primer grito
Hacia
el sordo cielo,
Que contestó
con colores el dolor
Del
corazón partido.
La voz
Que me
hablaba de ti mientras soñaba
Se
quedo callada al enterarse por la mañana
De que
tú no estabas en la cama.
En la
soledad
Una
nueva gana de hablar.
Me
pregunto por donde andas.
Es
primavera
Pero
la voz me habla de otoño.
Te
espero,
Mientras
espero que venga un nuevo sueño de invierno.”