sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Voices in the Silent Night


(Voices in the Silent Night - Grafite)

Eu nao morri. Estive em silencio. Estive em outros mundos e sonhei outros sonhos. Sonhos distantes, em outras linguas, com outras vozes.

Existe uma voz em minha cabeza que fala. Essa voz me conta histórias, me corrige e me guía. Diz o que devo pensar. Acho que sou a voz em minha cabeça. A voz me faz agir – dita minhas palavras. Sou um títere dessa voz que dificilmente se cala. A voz opina sobre tudo e determina o que devo pensar. A voz escreve agora mesmo.

Me pergunto se existe uma voz que faça com que o vento sopre pela janela. Haverá uma voz que impulsione o pássaro a voar? Que sussurre segredos as ondas do mar? Que faça a lua brilhar? Uma voz que se cala e seja capaz de encontrar a solidao em meio ao silencio? Uma voz que grite para espantar o frio e a escuridao?

De acordo com Joao: 

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
(João 1:1-4)

Uma curiosidade é que, segundo Joao, o Verbo precede o silencio. Quizas o silencio tenha sido o primeiro e o mais importante Verbo. É preciso silencio para que o Verbo possa se fazer ouvir.
A meditaçao, em uma visao simplista, é a busca do silencio interior – meditar é calar a voz interior. Talvez para escutar outros Verbos.  A pregunta é: a que voz devemos ouvir?  Ou melhor: A que voz queremos ouvir?

Após anos vivendo na espanha, sinto que minha voz interior me fala em espanhol.  Agora é em espanhol que tenho escrito minha poesia:

“VOCES

Fue una voz,
Hizo soplar el viento,
Dijo al pájaro como volar,
Hablando creo el tiempo.

Fue una voz,
Brillo de luna,
Cantando creo la danza
Y el mar empezó a bailar.

Una voz
De una pregunta creo el amor,
Un sentimiento ciego
Y perdido en medio a las flores.

Y la montaña fue el primer grito
Hacia el sordo cielo,
Que contestó con colores el dolor
Del corazón partido.

La voz
Que me hablaba de ti mientras soñaba
Se quedo callada al enterarse por la mañana
De que tú no estabas en la cama.

En el silencio la soledad
En la soledad
Una nueva gana de hablar.
Me pregunto por donde andas.

Es primavera
Pero la voz me habla de otoño.
Te espero,
Mientras espero que venga un nuevo sueño de invierno.”